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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Anos 80


Na minha adolescência não havia mp3, pagodão baiano e nem celular!
Orelhão era de ficha, quase ninguém tinha cartão de crédito e van era kombi.
Ficávamos ao lado do aparelho de som esperando a rádio tocar os hits do momento para que os registrássemos em fitas cassetes pra lá de usadas. Colocávamos um papel preso com durex para puder regravá-las. E quando tínhamos muita sorte o locutor não falava durante a musica.
Catástrofe era quando uma partia.
Era executada uma verdadeira operação para recuperar a tal fita.
Pois, acreditem uma fita cassete era muito cara.
E adolescente não andava com dinheiro na minha época.
Se você tinha uma fita cromo tirava onda!Cromo era a fita que tinha melhor qualidade.
Era uma verdadeira caça ao tesouro. Já que nem todos tinham como comprar os vinis.
Drogas? Nem disso se falava.
Festa?As festas eram baseadas no principio que homem levava bebida e mulher comida.
Não havia drogas. Mas, estávamos chapados de adrenalina e da melhor droga inventada. A alegria.
Não existia vinho de plástico a solução era comprar os garrafões de 5 litros. A comida era um caso a parte. Éramos vitimas das experiências culinárias das garotas. Havia salgados que não sei o que eram até hoje.
Cerveja?Quem tinha dinheiro pra isso?
Era difícil ficar bêbado.
Primeiro não tínhamos a intenção de beber muito. Já que não tínhamos problemas para esquecer.
O mais grave problema que tínhamos era algum teste na escola durante a semana.
Eu era encarregado do som!O cara! Naquele tempo usávamos módulos.
Um amplificador, um tape-deck e um pick-up.
Para que as pessoas jogassem as cajás! "Significado: dançassem muito!"
Quando a festa era chique tinha luz negra e estrobóscopica. Poucos recursos. Mas, tínhamos o mais importante a alegria e a excitação.
E dançávamos muito!
Todo tipo de musica. Boa musica.
Lembro que as musicas românticas eram geralmente um momento de tensão entre os garotos.
Pois, se a garota não aceitasse dançar com você. Era encarado como rejeição e assunto de gozação por um bom tempo. Mas, quando aceitava era excitante demais. O contato de dois corpos descobrindo os hormônios era faísca pura.Geralmente não dava em nada.Mas,nem precisava!
Nas musicas agitadas era lindo e doido fazer as coreografias. Pura diversão!
Pura melancolia agora!Recheada de saudades e agradecido por ter crescido numa época de boa musica.
Nos dias da semana o máximo que ficávamos a conversar nos playgrounds era das 19h00min ás 21h30min.
Eu era sortudo morava em uma casa. Não em prédios.
Surgia geralmente o pai de alguma garota e educadamente lembrava que teríamos aula no outro dia."TÀ NA HORA! OLHA A AULA AMANHÃ!"
Seguidos de um sonoro e sério boa-noite!
Época da aceitação e dos traumas ridículos. Eu encanava com minhas roupas.
Quem comprava eram meus pais. Sem a mínima possibilidade de acordo ou escolha.
Compravam pelo preço e não pela estética.
Aquilo me revoltava.
Pra comprar uma conga tinha que implorar! A conga do futebol!
O futebol era na rua. No asfalto quente.
A conga parecia uma colcha de retalhos!Pois, tentávamos dar uma sobre vida a ela.
E homem usava rosa - choque de boa!Ê anos 80.

"Obs:Todas as fitas cassetes piratas que depois comprei nos câmelos faltavam alguma musica. E o que eu tinha de mais tecnológico naquele tempo era um walkman amarelo que os câmelos diziam ser à prova de água!"

Marcelo Aranha